MPM o iceberg

MPM- A global approach to the maintenance function

MPM- A global approach to the maintenance function in a metanional environment … from asset management to reliability

1 – MPM – PREAMBULO

A máquina que inexplicavelmente, para todos os envolvidos, começa a funcionar adequadamente logo depois da chegada de um especialista. Isto após os seus operadores/utilizadores terem efectuado tudo o que podiam e estava ao seu alcance, sem nada ter resultado; inúmeras horas de trabalho, esforços desproporcionados, múltiplas acções que no passado, e noutras circunstâncias, deram os resultados pretendidos e, no entanto, no caso presente, nada…

Como explicar esta situação?

A máquina que apresenta um comportamento preocupante, pelo menos aos olhos dos seus responsáveis, não é por continuar, de uma forma inexplicável, a funcionar adequadamente, que deixa de ter um problema!

Que tipo de problema?

A máquina que funcionou anos sem problemas e que quando o seu antigo operador se ausenta começa a apresentar inúmeros problemas e avarias.

O que está a ocorrer?

De facto, estas e outras situações similares, fazem parte do dia a dia do profissional da manutenção, que, no entanto, bem pode procurar referências e abordagens à resolução deste tipo de problemas, em revistas da especialidade, congresso nacionais e internacionais e na internet que não encontra nada.

Dá ideia que existe uma parte da realidade que, tal a parte inferir de um iceberg, por estar longe da nossa vista, é por nós ignorada. Propositadamente ou talvez pela formação profundamente técnica dos especialistas desta área, factos inexplicáveis, que até já se podem considerar normais na nossa vida profissional, são de imediato esquecidos e não merecem da nossa parte um minuto de atenção, para uma reflexão mais profunda.

Todavia, numa época em que entre os objectivos explícitos de qualquer profissional estão o de zero avarias, (se este é verdadeiramente o nosso objetivo),o da optimização da gestão de activos, o do RCM, o do TPM, o do TQ, ERP, PPP, PBC, VCM, TDM, PDM, PPM, PSD, IA, etc. , nada pode ser posto de lado, por mais estranho que pareça, sob pena de, à partida, comprometermos os seu cumprimento.

É assim que, com uma vontade inabalável de ultrapassarmos todos os obstáculos que se nos põem no alcance de objectivos impossíveis, nos temos de lançar na busca da explicação do que ainda não está explicado, na optimização do que não está optimizado, do saber que não é conhecido. Nada se pode interpor entre nós e a abordagem verdadeiramente global à temática da manutenção que, uma vez por todas, nos garanta, de uma forma automática, alcançar esse Santo Graal das modernas teorias de gestão que é a última Otimização da Gestão de Activos.

Ei-la finalmente ao nosso alcance – MPM !

MPM o iceberg

2 – INTRODUÇÃO

A tendência para os equipamentos terem cada vez mais inteligência imbutida é uma realidade dos nossos dias. A consequência lógica é que essa inteligência será uma realidade cada vez mais significante, geradora, por sua vez, de problemas importantes. O facto de os equipamentos trabalharem de uma forma cada vez mais autónoma implica que tenham uma capacidade de decisão cada vez maior. São conhecidos os trabalhos de um notável português1 que evidenciam que na base de qualquer processo de decisão está a emoção. É, portanto, lógico inferir que existem emoções e afectos nas máquinas. Essa realidade por muitos sentida, mas recusada como explicação racional, tem finalmente um fundamente científico!

Temos então as respostas às perguntas efetuadas no preambulo:

  • As máquinas têm memória
  • As máquinas têm relacionamento afetivo
  • As máquinas reconhecem os especialistas
  • As máquinas têm problemas psicológicos
  • E, para concluir, será que existimos?

3 – A MEMÓRIA DAS MÁQUINAS

Para os que não acreditam que as máquinas têm a capacidade de se lembrar do passado tome-se como exemplo o seguinte caso:

“A lição importante é que o transportador não “esqueceu” o tratamento severo e a vida útil esperada foi bastante reduzida. …. Explicar que uma máquina “se lembra” às vezes pode agilizar os tempos de resposta a operações anormais do operador da máquina. No entanto, dizer ao operador “que a máquina se lembrou” também pode gerar alguns olhares muito estranhos de quem pode questionar sua sanidade”2

Conclusão obvia: as máquinas têm a capacidade de se lembrar…

4 – AS RELAÇÕES AFETIVAS DAS MÁQUINAS

As máquinas, de facto, criam relações afetivas com os que com elas privam mais de perto.

Um exemplo de recusa em ver a realidade e não reconhecimento da existência de uma ligação afectiva da máquina com o seu operador pode ser visto a seguir3.

Não subestime a experiência
 
Uma história real destaca a importância da lubrificação para a vida útil da máquina.
 
Há cerca de 25 anos, uma fábrica de produtos químicos tinha uma casa de compressores que continha vários compressores alternativos de amoníaco. As máquinas raramente necessitavam de manutenção e eram essencialmente ignoradas pela manutenção e gestão.
 
No entanto, um operador-chefe, que estava prestes a se aposentar, fazia verificações, incluindo manutenção do lubrificador de cilindro, em todos os turnos em que trabalhava, e fazia isso há cerca de 30 anos. Ele disse ao seu supervisor que ficaria feliz em treinar um operador mais jovem no que fazia.
 
No entanto, esta fábrica mudou sua filosofia de gestão nos últimos anos e agora colocou jovens engenheiros em cargos de supervisor operacional como uma atribuição de treino no seu caminho até à gestão da fábrica. Este jovem engenheiro não tinha experiência prática de campo para entender as implicações do que o operador-chefe fazia e, na tentativa de reduzir a mão de obra, não designou ninguém para essa oportunidade de treino.
 
Dois meses após a reforma do chefe, um dos compressores sofreu uma falha catastrófica de cilindro/estrutura. Como as máquinas foram originalmente construídas na década de 1930, as peças não estavam disponíveis e o compressor foi abatido.
 
Uma investigação da falha posteriormente revelou que os lubrificadores do cilindro ficaram sem óleo semanas antes da falha, pois ninguém sabia que eles precisavam ser reabastecidos manualmente, semanalmente. Essa era uma tarefa que o antigo operador-chefe fazia há 30 anos.

5 – AS MÁQUINAS RECONHECEM OS ESPECIALISTAS

A minha experiência

Durante muitos anos dei formação e assistência técnica na utilização de equipamentos de medida e software. Também fui colega de muitos técnicos com as mesmas funções.

Ao fim destes estes anos todos, tornei-me muito cético relativamente à afirmação, proferida por um utilizador, que um equipamento ou software não funciona. De facto, a minha experiência diz-me que, quando eu entrar em contacto com ele, existe uma elevada probabilidade de ele funcionar…

Isto mesmo após os seus operadores/utilizadores terem efetuado tudo o que podiam e estava ao seu alcance, sem nada ter resultado; inúmeras horas de trabalho, esforços desproporcionados, múltiplas ações que no passado, e noutras circunstâncias, deram os resultados pretendidos e, no entanto, no caso presente, não resultaram em nada.

Podia-se colocar a hipótese de o especialista ter efetuado algo diferente. Todavia tal é de baixa probabilidade face aos esforços anteriormente desenvolvidos pelos utilizadores. A explicação mais provável e, de facto, as máquinas reconhecerem sentirem, a presença do especialista.

A explicação, mais simples, de azelhice e prontamente negada pelos utilizadores normais e tem de ser posta de parte, obviamente…

6 – AS MÁQUINAS TÊM PROBLEMAS PSICOLÓGICOS

Penso que faz parte da experiência de qualquer técnico, deparar-se com a execução de tarefas de manutenção, cuja execução, só pode ser explicada com base em psicologia.

Por exemplo, conheço pessoas que, para grande satisfaçam dos seus fornecedores, mudam o óleo ao motor do seu automóvel, de 5000 em 5000 km, isto apesar do fabricante recomendar a muda de 15000 em 15000, ou de 30000 em 30000.

Porquê? Estamos perante um caso óbvio de um problema psicológico no veículo.

Para uma pessoa mais informada, o veículo aparentemente, não apresenta qualquer problema. Todavia, para o seu proprietário, este existe e tem de ser tratado.

Estamos perante uma máquina com um problema psicológico, que justificará o investimento nos recursos necessários para este desaparecer.

E não é caso único. Por exemplo, as intervenções efetuadas ao abrigo do chamado “coeficiente de cagaço”, caem normalmente neste âmbito.

7 – MPM – SERÁ QUE EXISTIMOS?

Faz alguns anos que um conhecido meu, profissional de manutenção, escreveu:

A maior mentira dos profissionais da manutenção
 
Quando este objetivo for atingido os que trabalharam incessantemente para o alcançar serão despedidos de imediato visto já não serem necessários numa perspetiva de otimização de gestão de ativos. Quem o atingir será vítima da sua criação, numa notável semelhante com o Dr. Frankestein; que ironia!
 
Nenhum profissional de manutenção que vive do que ganha, deixará de guardar a última falha residual dos equipamentos a seu cargo como um bem precioso a garantir o sustento dos seus filhos!!
 
Ao fim de inúmeros anos continuados de implementação de tarefas proactivas, e para nosso espanto, o sonho da RCM, que numa primeira impressão, se nos afigurou ser apenas a última treta dos consultores com pouco trabalho, não sendo possível de alcançar, está ali ao alcance da nossa mão. É então que, á beira do precipício, á beira de cometer essa loucura final, de corrigir essa última preciosa falha potencial garantia final do nosso sustento, nos acode á mente a visão dessa adorável criancinha, que todos os dias nos aguarda em nossa casa, com um sorriso, ao fim de mais um dia de labuta, e que em nós confia, cegamente, para lhe garantirmos proteção e sustento.
 
Ò cruel dilema – o sustento da criança ou a optimização da gestão de activos?

Noutro lugar4), John S. Mitchell, referia:

O elemento em falta – justificação financeira clara
Nenhum artigo deste autor estaria completo sem o habitual discurso editorial sobre justificativos financeiros. Apesar de mais de cinquenta anos de sucesso e benefícios demonstrados, os programas de avaliação de condição ainda não são totalmente aceites dentro de uma cultura operacional industrial como uma atividade de negócio permanente e essencial. Muitos programas tremendamente bem-sucedidos são reduzidos ou totalmente encerrados como uma medida de “economia de custos” porque as avarias são escassas. Diz-se que muitos novos gestores acreditam que consertar o equipamento quando para é o método de manutenção menos dispendioso. “Por que razão as pessoas se divertem na recolha e análise de medições de condição quando poderiam estar a fazer um trabalho real de reparação de coisas que precisam de atenção!” Muitos técnicos, com sucesso nesta área, são igualmente culpados. Análises e detalhes, tais como determinar que um rolamento está a falhar devido a um defeito na pista externa, são de muito mais interesse do que demonstrar o valor com que contribuem para as suas empresas. Como exemplo, foi perguntado aos participantes de uma recente conferência sobre vibração, quantos achavam que seus esforços eram reconhecidos e apreciados pelas suas empresas, pelo valor produzido. Um indivíduo no grupo, de cerca de 150, levantou a mão! Numa pesquisa recente conduzida pela confiabilidadeweb.com, as pessoas foram questionadas sobre como elas justificavam seus programas de monitorização de condição. Um respondeu que “não fazemos dinheiro”. Talvez exista uma ligação entre “não fazemos dinheiro” e redução de programas de avaliação de condição!

Daqui surgem as perguntas:

  • Quem somos?
  • Para onde vamos?
  • Será que existimos?

Numa época em que o valor das pessoas nas empresas, é avaliado pelo seu contributo numérico, numa folha de Excel de um financeiro, será que existimos nesta faceta da realidade?

Penso que muitos profissionais de manutenção, nomeadamente de manutenção preditiva, realmente não existem nesta vertente essencial da realidade presente. Por se contentarem com a sua existência na realidade física e nas redes sociais, tornam-se assim candidatos a cortes na próxima crise. Aí, terá lugar, a sua não existência na organização em que trabalham!

8 – MPM – POR UMA REVISÃO DAS TAREFAS DE MANUTENÇÃO

O primeiro passo desfazer o nevoeiro que nos impede de ver a realidade oculta e iniciar a sua descoberta consiste em reconhecer que as filosofias de manutenção não se limitam ao que nos é ensinado nas escolas. Existe muito mais que a manutenção curativa e preventiva.

Assim, como primeiro passo para colher os benefícios que o MPM potencia, propõe-se o reconhecimento das seguintes tarefas de manutenção:

  • A Manutenção Psicológica

Tarefa de Manutenção levada a cabo para responder a problemas humanos e não a problemas das máquinas. Exemplo. Tarefas ao abrigo do coeficiente de cagaço.

MPM manutençao psicologica
  • A Manutenção Afetiva

Tarefa de Manutenção levada a cabo para responder a questões afetivas.

MPM manutençao afetiva
  • A Manutenção Subjetiva

Tarefa de Manutenção levada a cabo ninguém sabe porquê. Exemplos: já agora…; fez-se sempre assim…

9 – MPM – CONCLUSÃO – TEMAS A DESENVOLVER

É, portanto, este o campo de atuação da MPM. A ignorância desta realidade explica o insucesso parcial de todas as abordagens utilizadas até agora. A inclusão desta realidade é uma condição necessária ao sucesso de uma abordagem que se queira verdadeiramente abrangente.

Assim para o desenvolvimento desta metodologia propomos o aprofundamento futuro dos seguintes temas

  • Parapsicologia das máquinas e manutenção
  • Fenómenos não explicados e manutenção
  • O que as máquinas querem é desprezo
  • Os 6 pilares do MPM (ainda só se conhecem dois, os outros ainda estão enterrados)
  • O MPM e a Optimização da Gestão de Activos
  • O MPM e a mecânica quântica
  • O MPM é a solução
  • A curva de avarias do MPM; o bidé invertido; como o MPM atinge zero avarias

REFERÊNCIAS

  1. O Erro de Descartes, Pan Macmillan, Abril de 1995, (ISBN 0-380-72647-5), José Damásio

2 The machine remembered – Machines have a memory of overstressed conditions – June 2002 – Hydrocarbon Processing – T. Sofronas, ExxonMobil Chemical Co., Houston, Texas.

Hydrocarbon Processing 4-2002 Low technology approach to better machinery reliability

4 From Vibration Measurements to Condition Based Maintenance Seventy Years of Continuous Progress, John S. Mitchell, SOUND AND VIBRATION/JANUARY 2007

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